quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cícloturismo Circuíto Piraí

 A previsão do tempo para o fim de semana contribuiu para a louca idéia de acordar cedo e pedalar. Domingo acordei às 6:00 horas da manhã, instintivamente ao primeiro toque do despertador, nunca tive tanta disposição. Arrumei a bike no carro e rumei para o início do circuíto que fica no pórtico de Joinville.

Durante a semana tentei sem sucesso convencer o meu irmão para ir junto, como ele se recusou a tal aventura, fui sozinho, contrariando a recomendação dos criadores do circuíto para sempre pedalar acompanhados. Minha esperança era encontrar outros ciclistas solitários e fazer uma parceria para completar o trajeto. Porém não encontrei outra alma vivente tão louca para deixar a cama naquele frio que fazia.
Os cinco primeiros quilômetros foi lutado contra o vento gelado que não se importava nem um pouco com as circunstâncias, e insistia em uivar ao ouvido de um simples e mortal ciclista, que já estava prestes a voltar para o aconchego do lar. Meus pensamentos voltavam ao que a minha esposa disse antes de eu sair, " é preciso ser muito louco para deixar a cama quentinha", ela e minha filhinha ficaram lá, mas eu não poderia. Já havia colocado tal idéia na cachola e não poderia desistir, isso me deu força, então vi que valeria a pena.
Logo saí da área urbana e entrei na área rural do Vila Nova, agora a paisagem era outra, sem preocupações com carros ou trânsito era só curtir o visual. As lavouras de arroz que margeiam a Estrada Blumenau faz com que se siga sempre em frente, voltar jamais.

Ao longe pode-se observar a Serra do Mar. A região Rural do Vila Nova é sercada pelas imponentes serras, até parece uma moldura da paisagem. Deste ponto em diante é comum encontrar motoqueiros trilheiros que percorrem o local. O som dos pássaros só é quebrado pelo barulho do motor, tão logo eles passam já é possível ouvir novamente o cantar do Canário da Telha (ave peculiar da região) e outras que dão sinfonia e rítmo ao pedal.
A estrada Blumenal segue numa reta monótona que rege um cenário lindo típico de uma obra de arte, a monotonia da reta é quebrada pelas paisagens ou pelas casas estilo colonial ou enxaimel, o que representa a presença da imigração alemã na região.
Ao final da reta encontra-se um belo local para descanso, como havia previamente planejado, parei na ponte coberta para descansar, tirar fotos e comer umas bolachas Traquinas (ninguém merece) mas era o que o frentista do posto tinha para oferecer, tomei gatoreide com Traquinas numa paisagem linda, quero voltar neste local no verão e me deliciar com um belo banho no Rio Piraí. Esta é a ponte coberta Alfonso Altrak.



Após a ponte inicia-se o trecho da Estrada Bumenal Sul, outra reta quase interminável, porém não perde em beleza para o trecho anterior. Novamente segue os arrozais e as casas dos pequenos agricultores, emoldurados ao longe pela Serra do Mar. Ao final da reta chega-se a região do Neudorf (Vila Nova) em alemão, o tal do Neudorf forma este plano geométricamente quadrado. O intento dos nossos colonizadores era criar neste local o centro cultural e comercial da nova cidade Joinville. Porém grande parte do progresso da cidade era feito por hidrovias e sua principal era o Rio Cachoeira, uns 20 km distante do local, graças à sabedoria germânica, logo instalou-se o empreendimento cultural e comercial de Joinville onde é localizado hoje.

Após circular a região do Neudorf (cerca de 1 km), pode chegar ao pé da serra Duas Mamas, que faz divisa com a bela cidade de Shoroeder, porém o circuito não contempla esta parte intermunicipal, e faz o retorno para começar o segundo trecho do circuíto, agora com subidas e descidas. Neste local encontrei uma placa indicativa digna de uma foto, com investimentos zero os habitantes locais cansaram-se de esperar pelos governantes e criaram seus próprios meios de ajudar aos turistas.
Início da Serra das Duas Mamas, quem sabe em outro desafio subiremos a serra até Shroeder e voltaremos por Guaramirim via Rodovia do Arroz.
No ponto 7 (P7) uma placa indica que ali termina o terreno plano e começaria um terreno mais acidentado o que requer um pouco mais de preparo físico e energia, nada muito animador de se descobrir ao km 17. No entanto como diz um velho ditado popular "O esforço de subir a montanha é recompensado pela visão que se tem do alto", segui acreditando neste momento filosófico e chequei até a cantarolar algumas músicas. Ao entrar na estrada do Salto II já vi o que me aguardava porém nada assustador.

A rua vai se estreitando cada vez mais, o que proporciona um contato maior com a natureza. Em um destes pontos da estrada parei para ouvir o som de pássaros, ouvi um lindo cantar que desconhecia, tentei gravar com o celular porém não ficou um bom áudio, mas sempre me lembrarei daquele momento. O que vale lembrar na subida é que geralmente tem uma descida depois. Foi o que aconteceu.
Após um bom trecho curtindo a Serra do Mar ao fundo me deparei com a indicação da Estrada da Serrinha, (termo bem otimista, pra quem está de carro, moto ou qualquer outro meio de locomoção que não seja de tração humana).





Neste ponto a Mata Altântica se fecha ainda mais, porém prevalecia o momento filosófico já citado, quando chega em cima da tal Serrinha abre-se uma clareira na mata onde se tem um visual deslumbrante. A descida é ruim, tinha muitos buracos feitos pelas chuvas, é bom ter cuidado, não é recomendável descer com muita velocidade.
Passado breve período de declive, agora têm que pedalar novamente, estamos nos últimos quilômetros da aventura, mas ainda é um trecho com belezas raras.

Ao fundo lá na montanha o poder destrutivo da natureza, resultado de muita chuva nas cabeceiras dos rios, originou-se uma avalanche de pedras, árvores e terra. Este fato foi notícia de jornais locais como algo nunca visto pelos moradores da região. Este local tem acesso pela estrada dos morros, próximo ao circuíto Piraí.
Seguindo mais adiante percebemos que o furor da natureza não foi só nas montanhas, mas foi ganhando intensidade à medida que descia o vale, a força da gravidade se encarregou de descer até a planície todo o fulgor e todo o poder que a vida exerce. A foto à seguir é parte constante do mapa do circúito Piraí, no entanto ao percorrer o circuíto me deparei com outra realidade.




Veja o antes e o depois da tempestade, fotos tiradas no ângulo inverso ao da foto original, muitos diriam que depois da tempestade vem a bonança ou os prejuízos. Esta é uma das três pontes destruídas, duas já estão em fase de reconstrução, mas esta só foi feito um desvio com tubos pequenos, a rua passa a poucos metros do nível da água, o que põe em risco a passagem em uma nova tempestade.
Seguindo pelos últimos pedaços de chão rural encontra-se a Ponte sobre  rio Piraí, rio muito importante para a região de Joinville, é um dos rios de captação de água para abastecimento na cidade e região pela Cia  Águas de Joinville.
A partir deste ponto a paisagem volta ao cultivo de arroz, intercalado com belas casas de produtores locais, com lagos para pesca, café colonial, criação de gado e agricultura de subsistência ou familiar. Já no final da área rural encontrei um arrozal com coloração dourada, pronta para o cultivo.

Levantai os olhos e vedes, os campos já estão prontos para a colheita (João 4:35)

Esta é a última paisagem rural, à 300 metros adiante já se inicia o perímetro urbano do bairro, e também os últimos 4500 metros para cumprir o trajeto e finalizar o circuíto. Estes últimos metros foram os mais difíceis, já saí de casa condicionado a percorrer o trajeto que não aceitaria qualquer mudança, nem quando passei no início da rua da minha cunhada, mantive o trajeto e fui almoçar em casa.

Balanço Geral
39 km percorridos de bike, mais 22 km percorridos de carro (entre o pórtico e minha casa) e muitas lembranças que valem todo esforço, ao chegar no fim uma grande sensação de dever cumprido. E mais, valeu a pena não ter desistido.

Abraços, e até a próxima.


 

Um comentário:

  1. Parabéns Jedson,
    Que passeio sensacional, mesmo você contrariando as recomendações de nunca ir sozinho...hehehe
    Na verdade ruim é ficar em casa e não fazer um passeio naquele lugar bonito demais.
    Show de bola.
    Abraços
    PEDALADAS
    www.pedaladas.com.br

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